Tudo começou no dia 15/06/1992.
Depois desse dia a vida dos meus pais,avós e próximos nunca
foi a mesma, estava vindo ao mundo uma pessoa cheia de fluxos de consciência e
epifania , disposta a escrever as coisas mais belas e as coisas mais sujas e
perversas que viesse de encontro a sua mente. Eu sabia desde os 14 que muitas
coisas que eu escrevesse não ia agradar 80% das pessoas que estavam ao meu
redor , e por um motivo muito simples...Muitas dessas coisas envolvia eles e
suas características horripilantes, as quais todos tinham fechado seus olhinhos
e nunca denunciaram.
Minha mãe após um tempo, após os 34 para ser mais exata
virou uma pessoa preocupada com o mundo e com as possíveis ofensas que algo que
eu falasse pudesse causar repulsa em alguém na rua, e é por isso que ela não lê
metade das minhas palavras, talvez ela nunca tenha lido 10 textos meus, 5
talvez seja um numero exagerado. Eu
cresci no meio de uma sociedade fofoqueira e repulsiva, a qual achava e ainda
acha que Nike shox e Ipod são as coisas mais importantes do universo.
Cordialidade, coração, respeito é algo que foi abolido desde os primórdios (ou
melhor, desde que nasceram) do seu vocabulário infantil e podre. Não falo isso
porque me sinto superior, na verdade, me sinto um pouco mais livre para dizer
coisas as quais eu já vi , senti e presenciei. Aquele mundo perversinho, onde cada
acha que é melhor que o outro, onde o dinheiro comanda e as falsas relações
falam mais alto nunca foi um mundo do qual eu não queria fazer parte, talvez por
isso fui motivo de chacotas e piadas sem o mínimo fundamento. Ah se eles
soubessem que fazem parte de uma massa manipulável e sem conteúdo externo. As
garotas sempre foram padronizadas: fofa, meigas, do tipo que não cagam nem
peidam (é um abuso uma mulher dizer ‘ cagam’, desculpe madamezinhas compradoras
de rubis e suquinhos de laranja pela manhã). Elas estão sempre lindas,
maquiadas, bem vestidas, submissas a seus namoradinhos que fazem parte de algum
grupo social abastado e fazendo cara de
felizes e entendidas. ‘Você gosta de Vivaldi?” ...’ hehehe, sabe aquela coleção
da Prada?” e sorriem com seus sorrisinhos desentendidos loucas para mudar de
assunto, sabendo que a nobreza se dedicava as artes, e elas nem se quer sabe
qual o significado da palavra Artes. Isso serve para eles também! Eu talvez
tenha sido uma dessas babaquinhas por algum tempo, não me lembro bem ao certo
em que idade da vida, talvez dos 16 aos 17! Cresci reprimindo minha vontade de
literatura, cinema e música, sempre a mercê de uma melissa e do pensamento sem
nexo dessa massa fofoqueira. Namorei dois anos, talvez tenha sido um fracasso
total, o qual eu só fui descobrir depois de ter vivido, ou talvez tenha sido
bom, pois o sentimento análogo ao amor é o ódio. Talvez eu descubra daqui a
alguns anos, por enquanto soa indiferente e apagado. Após esses dois anos sendo felizinha eu surtei e comecei a me dedicar a
coisas que me faziam bem e me deixavam com um fluxo de dopamina absurdo.
Comecei a sair, a me vestir da maneira
que eu gostava a usar batons da cor que eu gostava a arrumar meu cabelo da
maneira que eu gostava a frequentar lugares que eu gostava e a me envolver com
pessoas que eu realmente gostava, comecei a dispensar o ‘resto’, que não me
faziam bem e me deixavam triste diariamente com suas frasesinhas feitas e
dizendo que amavam Clarice sem ao menos conhecer Sartre, pois creio que para
amar Clarice no mínimo tem que conhecer e gostar de Sartre. Tudo isso me
causava uma náusea , estilo a deles. Não
sou da galera hipster e descolada, até porque não consigo me dar bem com eles.
Meus amigos geralmente frequentam festinhas em casa que envolve muita pipoca,
coca cola, chocolate e vídeos idiotas. O papo varia, não falamos só de livros,
filmes e música. Falamos de qualquer coisa que nos faça bem, desde uma lesma
até Claude Levi Strauss . Não vá pensando que somos revolucionários das artes,
apenas apreciamos a arte e apreciamos muitas coisas ruins também, aos olhos de
muitos.
Durante muitos anos pensei que houvesse algo errado comigo,
me dediquei ao piano, natação, Frances, inglês e livros...e grande parte foi um
fracasso. Nunca fui o tipo de mulher que os homens olhavam e diziam “Caralho,
que mulher” , mas nem por isso deixei de acreditar no amor. Mentira, deixei
sim! Sempre padronizada e fora dos
padrões, eu só queria ser eu, por mais que tivesse passado muito tempo
escondida atrás de artifícios de beleza.
Bom, termino meu fluxo de consciência por aqui, acho que amanhã tem um
pouco mais...
e não venham me dizer de concordância, e pontuações. O fluxo é meu e dele faço o que eu quiser, parem de me censurar.
2 comentários:
cada vez mais me vejo em você... seja livre!! eu não consegui voar tão alto... talvez a sociedadezinha idiota tenham me quebrado as asas!!
te amo! e já sim mais do que 5 textos seus...
cada vez mais me vejo em você... seja livre!! eu não consegui voar tão alto... talvez a sociedadezinha idiota tenha me quebrado as asas!!
te amo! e já sim mais do que 5 textos seus...
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