Andaste por longe,
Tua face não vê mais a minha.
As roupas permanecem intactas,
Os lençois então, nem se fala;
Eles continuam alinhados com a forma do teu corpo,
E tua escova de dente ainda possui a pasta da última escovada.
Eu, com uma saudade infantil,
E com a sensação de uma mãe que perdeu seus filhos,
Preferi deixar tudo da mesma forma que tocaste da última vez.
Não quis alinhar os lençois, muito menos lavar a escova.
Caminho pelo quarto, de um lado para o outro,
No corpo, carrego sua velha camiseta branca básica, aquela que você adorava usar para ir até o parque;
Na face carrego a tristeza sa solidão, e a inconformidade com os fatos;
Em cada pulso, ando com uma fralda de pano amarrada, que significa os dois anjos que me tiraram;
Na mão, carrego a porcelana, aquela do café da manha de cada dia, em que eu tomava meu chá de camomila.
Não deixo o sol entrar, a casa anda cheia de pó e mofo;
Morro de medo que ele possa modificar qualquer coisa nesse lar.
Também não deixo absolutamente ninguém subir,
Os únicos que as vezes dão as caras ,são verbos, adjetivos e substantivos, mais todos são tristes.
No espelho ainda há a foto de nós dois, e nela eu ainda tinha um ventre avolumado de 5 meses, e o mais legal, tinhamos aparência feliz.
Olho e logo me culpo,
Lembro deles dizendo,"as contrações são psicológicas".
Me fizeram dormir, amor;
Para eu poder não sentir a dor do parto, que na verdade foi o aparto.
Após isso seguimos caminhos diferentes,
Miguél e Vitória no céu,
Você saiu para pensar, e na verdade foi é buscar um caminho novo para se entregar,
E eu, eu continuo aqui olhando e pensando, na vida que era para ser e não foi.
Agora já não visto mais sua camiseta,
Faz um tempo que caminhei até o quarto e tirei o longo vestido de noiva do guarda-roupa,
Ele está amarelado, mais ainda continua guardando boas lembranças.
Coloco-o em meu corpo,
E com uma tesoura, corto um pedacinho da roupa dos abortados, e um pedacinho da sua;
Costuro elas com uma linha branca no vestido, assim sinto vocês mais próximos.
Prendo o cabelo de forma descomunal,
Passo uma maquiagem envelhecida, e saio pela porta lateral.
Vou pelas escadas, e logo saio na avenida principal,
Boto meus pés descalços no chão, e saio caminhando pela avenida principal,
Caminho bem pelo meio dela,
E prefiro andar de pés descalços,assim consigo sentir tudo mais de perto,
Tudo da forrma que realmente é, sem ter nada para amortecer,
Pois na minha vida, nada foi amortecido.
O transito para,
Logo escuto os gritos : "Tirem essa louca dai"
Eu apenas escuto, e continuo caminhando,
Arrastando o longo vestido branco pela avenida principal,
Derramando minhas lágrimas de dor,
E pensando o porque de não ter sido diferente.
Deixo a porcelana cair,
Ela quebrou,
E mais uma vez, meu coração suportou
16 de dez. de 2009
O contraste
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Anônimo
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1 comentários:
carái!
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