15 de jun. de 2011

Para chegar a primavera

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Seis meses se passaram,
o mais longo inverno
soprou as memórias para longe,
secou os sorrisos,
e os amigos como aves migratórias,
ficaram no mesmo lugar,
enquanto você hibernava
em seu castelo, mais ao Sul,
como um lobo preso em pele de cordeiro
e se arranhava por dentro,
e se destrinchava por inteiro.

Mas é então que as flores desabrocham
e as pessoas voltam a estarem
onde sempre estiveram.
E seu castelo agora é migalha
e as guitarras voltam a assobiar,
e a estrada volta a te chamar,
e a mala, já feita, está em suas mãos
e Ela diz "vem", e você nem sequer pensa em dizer "não".
Eis que o lobo,
rasgando sua própria pele,
se vê no reflexo de um riacho
e uiva: "sou livre".

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