Estou tentando começar esse texto há dias. Pensei se deveria
falar da minha vida, pensei se deveria comentar as mudanças, as dificuldades,
as saudades...
A verdade é que, em algum lugar do caminho, eu me perdi. Perdi
minha essência e, junto com ela, a vontade de escrever. As inspirações deixaram
de existir e minha ínfima parte escritora ficou jogada num canto esperando o
momento de ser resgatada. Foi como naquele filme “Click”. Alguém apertou o FF
do meu controle e tudo passou a andar muito rápido sem que eu pudesse tomar
consciência das coisas que estavam acontecendo.
Uma nova amiga da internet escreveu em seu blog que, quando
a vida passa assim, sem a gente perceber, é porque a “alma da mente” não está
em acordo com a “alma do corpo”. Após ler essa conclusão consegui entender
melhor o que se passou comigo e, vejam só, até consegui colocar no papel!
Felizmente, em algum lugar do mesmo caminho, eu acordei.
Acordei e percebi que, muitas vezes, é preciso dar um tempo pra mim mesma.
Repensar algumas coisas, pesar o que foi dito, subtrair o que deixou de ser
dito, tirar a poeira da estante e redescobrir os projetos e planos que ficaram
escondidos no fundo de uma gaveta escura.
É bom encontrar aquele disco do Chico Buarque, colocá-lo pra
tocar, e perceber que você ainda gosta da boa música. Também é bom perceber
que, mesmo depois de se perder, você ainda tem a capacidade de ser sensível, de
ser GENTE.
Pois bem, voltei a escrever. Mudei alguns gostos e mudei de
cidade. Mudei de idade e me descobri muito mais madura e mais preparada para o
que quer que aconteça.
Pra terminar, gostaria de colocar neste texto uma frase que
eu costumava ouvir de um professor de física do cursinho: “Ainda dá tempo”.
Ainda dá tempo de escrever um livro, plantar uma árvore, ter um filho. Ainda dá
tempo de se reencontrar.
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