Há dias em que só uma coisa me acalma: ir para a fazenda ou qualquer outro lugar isolado o bastante para me fazer colocar as idéias no em ordem. Foi o que eu fiz neste feriado.
Vim para a fazenda e fiz questão de acordar cedinho. Acendi o fogo no fogão à lenha, preparei um bom mate e fui para a varanda olhar os campos branquinhos de geada. Ouvindo apenas o barulhinho das galinhas, dos passarinhos e de uma vaca que mugia bem longe, comecei a pensar o que tem neste lugar que me faz sentir tão bem.
Nesses dias em que todos estão correndo contra o relógio, é muito bom perceber que ainda existe gente que não é escrava das horas. Acredito que um dos encantos do interior esteja no fato de que, aqui, a vontade da natureza ainda prevalece, e é o relógio dela quem comanda todas as tarefas. Não importa o quanto você queira comer uma laranja; há que esperar no mínimo umas quatro geadas até ela estar bem docinha. Não interessa que você queira comer peixe fresco no jantar; se o rio estiver muito cheio, você vai voltar de mãos abanando. Aqui o homem manda em pouca coisa.
SIMPLICIDADE. Devo dizer que as melhores festas de casamento que eu já fui foram no interior. Festas de vizinhos da fazenda e de amigos que minha família fez por aqui. O roteiro é sempre o mesmo: a cerimônia acontece pela manhã numa pequena igreja. Cada um veste o que quer e ninguém repara em ninguém. Para o almoço são servidos churrasco e cuca alemã; para beber é gasosa de framboesa, abacaxi ou laranja. Tudo isso sem esquecer de um bom gaiteiro, que começa a tocar após o corte do bolo, e só pára à noite, quando o ultimo convidado vai embora.
Num mundo onde o que conta são as aparências é, no mínimo, admirável que ainda exista gente que prefira um casório simples a uma festa chiquérrima.
Talvez o interior seja um mundo paralelo onde um Valmet tem mais valor que uma Ferrari. Um mundo onde saber domar um potro tem mais utilidade do que saber qual é a melhor safra de um vinho. Um mundo onde a riqueza é apenas a consequência de muito trabalho duro e honesto.
Por estes e outros motivos é que aqui eu me sinto em casa, e um pouco mais perto de Deus. Isso é felicidade pra mim, o resto é ilusão.
12 de jun. de 2012
Pra falar das coisas simples
Postado por
Marilisa.
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